Corantes naturais são pigmentos extraídos por meio de diferentes processos. Podem ser de origem vegetal, animal, mineral e sintetizados. Além da indústria alimentícia, são muito usados no setor têxtil. Os de origem vegetal são os melhores, já que preservam a vida animal, não são tóxicos e não poluem o meio ambiente. Conheça agora as princpais plantas usadas como corantes para tecidos.
Desde a antiguidade as pessoas apreciam tecidos coloridos. Na época da descoberta do Brasil, o pau-brasil (Caesalpina echinata) foi um produto exportado para a Europa para fornecer corante vermelho para tingimento de tecidos.
Nossos índios, na sua sabedoria e conhecimento de plantas, usavam sementes de urucum (Bixa orellana), que produz a cor vermelha e usavam para tingir a pele.
Extração Caseira de Corantes Naturais para Tecidos
Plantas comuns, usadas para alimentação também podem produzir corantes de tonalidade muito bonita. A forma mais comum de obter a cor é ferver o material por alguns minutos e deixar os tecidos de molho.
A permanência dependerá do poder de tingimento e na forma de fixação do pigmento – da degradação à luz do sol e descoloração pela ação dos detergentes de lavar roupa.
Substâncias que temos em casa, como o vinagre, sal de cozinha ou bicarbonato de sódio podem estender por mais tempo a cor no tecido. O tingimento em tecidos brancos apresentará melhor resultado do que se usados com fios tintos ou estampados têxteis.
O tingimento de fios para bordados e lãs também pode ter como corante o uso de substâncias vegetais. Recomendamos o uso de tecidos à base de algodão, linho ou seda. Os sintéticos não produzem resultados satisfatórios.
Pigmentos Naturais: do Bege ao Marrom
A cor bege (ou um tom que pareça de tecido envelhecido pelo tempo, muito usado em bordados e quilts) pode ser obtida mergulhando o tecido em chá-da-índia preto.
Deixe levantar a fervura. A quantidade de folhas do chá e o tempo que ficar na infusão irá propiciar uma cor mais clara ou mais intensa. O café coado, ainda quente, e também o cacau podem fornecer pigmentos do bege ao marrom escuro.
Púrpuras, Alaranjados, Amarelos
Já a beterraba vermelha, usada em saladas, é um excelente produto para tingir de rosa até púrpura. As amoras pretas e as cascas de grãos de uva preta fornecem cores do roxo ao púrpura-azulado.
As tonalidades violeta ou roxa também podem ser obtida com plantas que temos normalmente na nossa geladeira. Quando cortamos repolho roxo ou cebola roxa em geral também tingimos nossos dedos.
São duas plantas que têm poder de tingimento, podendo ser potencializado com uma colherinha de bicarbonato. A tonalidade poderá ser mais azulada ou mais arroxeada.
O açaí (Euterpe oleracea), uma palmeira muito conhecida pelos seus deliciosos frutinhos, pode também fornecer corante de tom arroxeado ou levemente púrpura. Esta característica poderia ser mais explorada pela indústria como mais uma matéria prima renovável.
A cúrcuma (Curcuma longa) tem uma raiz amarela e é usada na forma de pó para incrementar receitas assim como para colorir. Substitui o açafrão (Crocus sativus), importado e de alto custo, embora não tenha o mesmo sabor.
A cúrcuma é usada na culinária indiana para a composição do curry. Para tingir tecidos é muito pouco dispendiosa e produz um resultado de cor amarela com boa permanência. Usar o mesmo método de tingimento já descrito acima.
Limões e laranjas têm óleo essencial de cor amarela na casca e este tem poder de tingimento também. O resultado é uma cor creme até amarelo mais intenso.
A cebola de pele alaranjada tinge com perfeição: o resultado é uma amarelado de boa permanência. Mesmo processo do chá-da-índia.
Corantes Naturais em Verdes e Vermelhos
Plantas verdes, com a cor oriunda da clorofila elaborada pelo vegetal no processo de fotossíntese, podem fornecer corante desta cor, dependendo da quantidade de pigmento da planta. Como exemplo citamos o espinafre.
Separadas as folhas, bater com água no liquidificador, coar e usar para tingir. A intensidade da cor dependerá do tempo de exposição e da quantidade de folhas.
A adição de sal de cozinha na fase final do tingimento poderá garantir uma certa permanência após lavagens.
Conhecido por apreciadores do Sul do país, o pinhão é uma semente do pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifólia). A parte interna da casca do pinhão é de um vermelho escuro, oriundo de substâncias compostas com tanino e flavonoides.
Quando fervemos as sementes para consumo, a água fica tingida desta cor. Podemos usar esta água para tingir ou usar as cascas após a extração da semente: teremos uma excelente matéria prima para tingimento.
Assim como os pinhões, o urucum já comentado tem grande poder de tingimento. Use as sementes esmagadas ou pó com água quente para tingir o tecido e o resultado será bem interessante.
Para Colorir Tecidos de Azul
A cor azul tem sido objeto de interesse mundial e existem plantas do gênero Indigofera (Indigofera tinctoria, I.suffruticosa, I.anil e outras) que fornecem a cor chamada de índigo.
O jeans que todos amam e usam é tingido com compostos de várias espécies de Indigofera. E também para projetos artesanais de tingimento para tie-die, batik e shibori.
Das folhas fervidas e fermentadas e depois secas é obtido um pó, comercializado em blocos ou pedrinhas, que as pessoas conhecem por anil. Nossas avós desmanchavam um pouco da pedra em água para o último enxágue de roupas brancas.
Usando corantes vegetais inócuos poderemos realizar um trabalho artesanal que tem o cunho ecológico. Um adendo de qualidade a mais para suas obras.
