Comprar a casa própria é um sonho de muitos, mas o caminho até a conquista deste sonho pode estar repleto de termos jurídicos, decisões financeiras e burocracias que, muitas vezes, parecem um labirinto complexo.

Um desses termos, que tem gerado bastante burburinho e questionamentos é o Contrato de Gaveta.

Antes que você imagine literalmente um contrato guardado na gaveta da sua escrivaninha, vale a pena entender profundamente o que ele realmente significa, seus prós, contras e implicações legais.

Contrato – Foto: Canva

Se você está prestes a entrar no mundo dos imóveis ou apenas quer ampliar seu repertório sobre o tema, siga conosco e descubra tudo sobre o Contrato de Gaveta.

O que é o Contrato de Gaveta?

Antes de mais nada, vamos desmistificar esse termo. O Contrato de Gaveta é um acordo informal, em que o comprador e o vendedor estabelecem um compromisso de compra e venda de um imóvel, mas não realizam a transferência oficial da propriedade no Cartório de Registro de Imóveis.

Ou seja, apesar de o comprador estar efetivamente pagando pelo imóvel, ele não se torna o proprietário legal até que essa transação seja oficializada.

Contrato – Foto: Canva

Ao longo dos anos, o Contrato de Gaveta surgiu como uma alternativa em resposta às burocracias e altos custos associados à compra e venda de propriedades.

Muitas famílias, em especial nas décadas passadas, usavam esse método como uma forma de conseguir realizar o sonho da casa própria sem se enredar em complexos processos legais ou enfrentar as taxas elevadas.

Por que as pessoas optam pelo contrato de gaveta?

  • Agilidade no processo: muitas vezes, as partes querem concluir a venda rapidamente e, por achar que o processo legal pode ser demorado, optam por esse “atalho”.
  • Economia: ao evitar as taxas e impostos relacionados à transmissão de propriedade, acredita-se que haverá uma economia.

Mas, será que é realmente uma boa ideia? Vamos aos prós e contras.

Vantagens e riscos do contrato de gaveta

Uma das principais vantagens do contrato de gaveta é a agilidade no processo de transação imobiliária. Trata-se de um acordo entre vendedor e comprador sem a intervenção de bancos ou a necessidade de realizar um registro imediato junto ao cartório de registro de imóveis.

Contrato – Foto: Canva

Para muitos, isso pode significar uma economia imediata em taxas e impostos.

Além disso, quando comparado a um financiamento imobiliário, o contrato de gaveta permite mais flexibilidade nas condições de pagamento, já que as partes podem negociar diretamente entre si, definindo prazos, valores e condições que melhor atendam às suas necessidades.

Riscos

  • Insegurança jurídica: O comprador não tem garantias legais sobre o imóvel.
  • Problemas com financiamentos: Em casos onde o imóvel ainda possui financiamento pendente, a instituição financeira pode, ao identificar a transação não oficializada, exigir o pagamento imediato do saldo devedor, configurando a quebra de contrato.
  • Dificuldade em vender novamente: Sem a documentação apropriada, pode ser complicado vender o imóvel no futuro.

Dicas

Contrato – Foto: Canva
  • Pense bem: Antes de entrar em um Contrato de Gaveta, avalie todos os prós e contras. Pergunte-se: vale a pena correr os riscos?
  • Consulte um advogado: Mesmo que pareça um gasto adicional, ter a orientação de um profissional pode evitar muitas dores de cabeça no futuro.
  • Faça um contrato bem detalhado: Se você optar por essa modalidade, certifique-se de que todos os detalhes estão bem especificados no contrato, como valor, forma de pagamento e responsabilidades de ambas as partes.
  • Tenha um plano: Se você está comprando o imóvel para renovar ou redecorar, lembre-se de que sua segurança jurídica é frágil. Antes de investir grandes quantias na decoração, tenha um plano para regularizar a situação do imóvel o quanto antes.

Como decorar quando estamos em um contrato de gaveta?

O contrato de gaveta, tem  uma série de implicações que podem gerar problemas. Ao decorar a casa pense no seguinte:

  1. Decorações temporárias: Opte por soluções de decoração que sejam fáceis de remover ou transportar. Adesivos de parede, móveis leves e soluções de armazenamento temporárias são ótimas opções.
  2. Evite grandes reformas: Sem a certeza de que o imóvel é realmente seu, pode não ser a melhor ideia derrubar paredes ou fazer reformas estruturais.
  3. Invista em peças versáteis: Móveis multifuncionais, que podem ser adaptados para diferentes espaços, são ideais.

Contrato de gaveta na era digital

Com a era digital e a modernização dos sistemas de registros, ficou ainda mais fácil verificar a situação de um imóvel. Portanto, o Contrato de Gaveta, que antes podia “passar despercebido”, agora enfrenta mais desafios.

A tecnologia facilitou a vida de quem quer fazer as coisas dentro da legalidade. Por outro lado, aqueles que optam por atalhos podem encontrar ainda mais riscos.

Assim, é possível perceber, nos últimos anos, uma tendência de queda na prática do Contrato de Gaveta, devido aos riscos e à crescente informação disponível sobre os perigos associados.

Além disso, as facilidades e incentivos oferecidos pelos governos e instituições financeiras têm incentivado as transações legais e transparentes, o que, no final das contas, traz mais segurança e tranquilidade para todos os envolvidos.

O futuro dos contratos imobiliários

Enquanto avançamos para um futuro mais digital e conectado, é esperado que os contratos imobiliários se tornem mais simplificados e acessíveis.

Ferramentas online e plataformas dedicadas à negociação de propriedades podem minimizar a necessidade de alternativas como o Contrato de Gaveta.

Assim, é fundamental ficar atento às inovações e garantir que, ao dar um passo tão importante como a aquisição de um imóvel, você esteja protegido e informado.

Conclusão

O contrato de gaveta, apesar de prático e muitas vezes utilizado, carrega consigo uma série de implicações que podem gerar problemas graves para as partes envolvidas.

A economia inicial pode acabar se transformando em prejuízos significativos no futuro.

Por isso, é essencial que compradores e vendedores estejam cientes dos riscos e, preferencialmente, busquem alternativas mais seguras e respaldadas juridicamente para transações imobiliárias, protegendo-se contra eventuais contratempos e garantindo a posse e propriedade do bem.

Handreza Hayran é uma escritora de estilo de vida e entretenimento, com grande interesse em decoração de interiores e otimização doméstica.