Xeriscaping é o paisagismo sustentável que se aplica a regiões mais secas. Seu foco está na redução ou total eliminação da irrigação artificial. Embora a maior parte do território brasileiro esteja bem servido de chuvas constantes, ainda há lugares de secas ou com pouco serviço de água – sem contar com a crescente necessidade de economizar água, simplesmente. Conheça agora como fazer a transição para um jardim xerófito, plantas indicadas e continue inteirado com os novos caminhos que a jardinagem anda percorrendo.

A origem do xeriscaping explica tudo

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Foto: Mark Lipczynski

A cidade de Dengo, no Colorado, EUA, passava por uma longa fase de estiagem em 1978. Logo surgiu um grupo que começou a pensar a jardinagem de um modo que necessitasse do mínimo consumo de água possível. Nascia assim o xeriscaping.

Pode ser um nome engraçado mas na verdade faz muito sentido: pense nas plantas xerófitas, que acumulam água. Elas prosperam em ambientes muito áridos. São cactos e suculentas, por exemplo.

Em gregos a palavra “xeros” significa “seco”.

Como os EUA possuem diversas zonas mais secas, a prática se espalhou rapidamente. O hábito estadunidense de insistir no gramado verde inglês mesmo em zonas com poucas chuvas vem rapidamente sendo substituído pelos jardins de pedras e vegetação resistente.

2 principais características do xeriscaping

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Foto: DuraLawn

Uma coisa que o xeriscaping tem em comum com o jardim selvagem é o uso de plantas nativas da região onde nasceram. A diferença é que o primeiro vai necessariamente usar as espécies resistentes à seca.

Para quem se dá o trabalho de insistir num gramado bem verdinho mesmo numa cidade árida será preciso uma mudança de mentalidade, assim como ocorre com o jardim selvagem e seus princípios. Percebe como o paisagismo e a jardinagem estão mesmo entrando num momento de resgate real do que é natural?

Nesse quesito, inclusive, o xeriscaping tende a empregar pedrinhas brancas para cobrir o solo, ao invés da grama. Até porque ela costuma ser a maior consumidora de água de um jardim.

Benefícios

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Foto: Landscaping Network
  • A técnica pode ser aplicada do menor ao maior jardim. Sem contar com parques e áreas de lazer públicos;
  • Como já comentamos, a economia de água é substancial quando da adoção do xeriscaping;
  • Com essa menor necessidade de irrigação, o trabalho de manutenção do jardim também cai bastante;
  • Isso inclui a redução drástica de pesticidas que frequentemente poluem o solo.
  • Favorecimento da fauna local, estimulando o surgimento;
  • Jardim mais duradouro.

Por onde começar

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Foto: www.pvl-nd

Em primeiro lugar você precisa planejar a transição do seu jardim para o modelo xeriscaping. Pode começar aos poucos, por partes. Mas acima de tudo: a melhor forma de fazer isso é contratando um paisagista certificado.

Ele será capaz de criar um projeto que vai incluir a análise do solo, sua adaptação para o xeriscaping, transição do gramado para pedras, seleção de espécies certas e a manutenção de tudo isso.

O mulch é bastante usado para manter o solo úmido por mais tempo quando alguma planta exige. Pedras e cascalho previnem o surgimento de plantinhas não desejadas, que podem sofrer num jardim árido. Consequentemente diminuem o tempo de manutenção do local.

O cascalho, particularmente, melhora a drenagem do solo – o que é vital para a sobrevivência de vegetais em lugares secos. Você não quer ver suas xerófitas empoçadas depois de uma chuva, suas raízes podem apodrecer.

O paisagista deverá ser capaz de dizer qual a necessidade de irrigação de cada planta – e ela deverá ser menor do que a de um jardim tradicional. Vale lembrar de que fica liberado o uso de outras espécies de vegetais semelhantes às locais. Desde que não sejam invasivas.

Irrigação

No início um quintal em região de estiagem ainda vai demandar um pouco mais de água do que quando estiver plenamente estabelecido. Isso porque vegetais recém-plantados necessitam dela para enraizar, o que pode durar de dois meses a até um ano.

Uma das melhores maneiras de fazer isso é usando um sistema de gotejamento que leve o líquido a penetrar um pouco mais profundamente no solo. Assim evitará o “afogamento” da planta, ao mesmo tempo em que estimula suas raízes a se aprofundarem melhor.

Manutenção

É verdade que a manutenção do xeriscaping é muito mais simples do que a de um quintal tradicional. No entanto ele ainda precisará sofrer alguns cuidados.

Eventuais podas, substituição do mulch, ajuste de sistemas de irrigação automática (caso existam) e possível replantio de plantas para um melhor local da área são alguns deles.

Exemplo de planejamento de um jardim árido

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Foto: Serbu Sand & Gravel

Uma vez que você tiver se decidido pelo xeriscaping começará a procurar modelos para planejá-lo. Já falamos sobre a importância da consultoria de um paisagista experiente nesse tipo de jardim, mas também deixamos aqui um exemplo.

Zona oásis

Comece por criar, ao redor da casa, uma área que concentre espécies mais dependentes de água. Ela vai se parecer com um oásis no meio do deserto e exigirá mais cuidados.

Aqui você poderá manter uma parte do gramado original e de espécies menos resistentes a secas.

Zona de transição

É um meio termo entre o oásis e a área mais seca. O objetivo é que seja menos irrigada do que a primeira, e exija menos manutenção.

Zona xeros

Fica mais distante da casa e exige o mínimo de água e manutenção. É o jardim xerófio propriamente dito, substituindo o gramado pelo cascalho.

24 espécies de plantas ideais para xeriscaping e +

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Papoula-da-Califórnia. Foto: The Spruce

O seu jardim xerófito pode ser tudo menos entediante. Existem inúmeras espécies de plantas e flores que você poderá usar para criar uma paisagem colorida, cheia de formas maravilhosas e nuances incríveis.

O seu paisagista deverá definir os vegetais ideais para cada zona do seu jardim. Aqui vão algumas sugestões gerais, sem levar em conta as particularidades do seu bioma local:

Sem contar com diversas espécies de cactos e suculentas, além de plantas típicas da área mediterrânea, da caatinga e do serrado brasileiro.

Dicas de paisagismo xerófito

  • Escolha mais de um tipo de cascalho, pedregulho e rochas. Eles devem fazer parte do design do jardim, em diferentes cores e texturas. O pedregulho, em particular, deve contrastar com o solo;
  • Dependendo do tamanho do seu jardim, escolha de 5 a 15 diferentes espécies de plantas. Use-as repetidamente por toda a área, sempre de olho em qual zona é ideal para cada uma. Assim seu jardim vai adquirir um visual coeso;
  • Adicione caminhos de pedras, pequenos pátios com pedriscos e outros artifícios para circular pelo jardim, explorá-lo e interagir com ele. É acolhedor;
  • Uma dica para o pátio é montar uma fogueira de jardim. Assim você terá um local maravilhoso para socializar ao anoitecer;
  • Uma escultura cinética, ou seja, que se move, é perfeita para dar movimento ao local;
  • Um deck de madeira ajuda a suavizar a atmosfera. Aposte nela.