O número de indivíduos com distúrbio de games cresce a cada ano. Em 2022 a obsessão por jogos eletrônicos entrará formalmente para o rol de transtornos que possuem diagnóstico e tratamento específicos por profissionais da saúde mental. Entenda melhor o que está por trás do problema.

O Distúrbio de Games, ou Games Disorder

Uma nova versão atualizada da CID-11, que significa “Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde”, entrará em vigor em 2022. E desta vez vai apresentar, pela primeira vez, o chamado “distúrbio de games” (ou “games disorder”) como um problema de saúde mental.

Essa nova classificação trazida pela OMS tem como objetivo ajudar governos, agências de saúde e pais a identificar riscos e estimular seu tratamento. A padronização será universal, ou seja, possível de ser aplicada em qualquer país. Será útil em qualquer cultura.

Psicólogos e psiquatras concordam que, ainda que o vício por jogos eletrônicos não seja químico, como acontece com o álcool e as drogas, o comportamento pode ser bastante semelhante. Afinal, assim como dependentes químicos precisam de quantidades cada vez maiores das substâncias, o dependente de games precisa passar cada vez mais tempo jogando. Muitas vezes ininterruptamente por horas ou até dias.

Sintomas do Vício em Jogos Eletrônicos e Quando Procurar Ajuda

distúrbio de gamesO longo tempo gasto jogando games é o primeiro e maior sintoma do vício em jogos. Dele partem outros indícios também bastante marcantes.

Jogar passa a ser uma prioridade, passando por cima de outros interesses de sua vida pessoal. Isso pode incluir a queda de convivência com a família e com os amigos. A frequência escolar ou mesmo no trabalho pode cair devido ao cansaço, já que até o tempo de descanso diminui.

O rendimento nos estudos ou atividades profissionais fica bastante comprometido, ameaçando a performance em provas e obtenção de resultados. Em casos extremos o dependente abandona a escola ou é demitido do emprego.

Mesmo com consequências negativas o indivíduo não consegue se livrar de sua obsessão. Se fica tempo demais sem jogar, ocorre ansiedade, irritabilidade, insônia – até tremores. É resultado da falta de dopamina, o hormônio do prazer, no cérebro.

Pessoas do sexo masculino e com traços de impulsividade e de busca de sensações são mais vulneráveis ao distúrbio de games. Condições materiais e emocionais precárias também facilitam muito o desenvolvimento do vício em jogos eletrônicos. É uma espécie de fuga das carências pelas quais o indivíduo passa.

O contínuo isolamento social provocado pelo novo coronavírus é um cenário que a todos se impôs. Recorrer aos jogos se tornou ainda mais comum.

Para procurar ajuda é preciso fazer uma comparação clara e honesta sobre como era a vida antes da obsessão se instalar. A diminuição ou extinção da convivência pessoal, relacionamentos, estudos, trabalho, esportes e hobbies pode indicar um problema.

Como Tratar o Distúrbio de Games

distúrbio de gamesSe você ou alguém próximo apresentar esses sintomas vale a pena procurar um profissional de saúde mental. Pode ser um psicólogo ou psiquiatra. Também é possível que um deles indique a necessidade de ambos para um tratamento mais rápido e eficaz.

Existem, ainda, grupos de ajuda gratuitos, a exemplo dos Alcoólicos Anônimos. Eles são altamente eficientes. Com a chegada da Covid-19 é possível participar via internet.

Essas terapias deverão auxiliar o gamer obsessivo a identificar os motivos que o levaram ao início do comportamento, bem como seus gatilhos. Isso porque o indivíduo pode ter se afastado dos jogos mas passa por situações que o levam a lembrar das sensações do seu vício, perigando uma recaída.

Caso necessário o tratamento psiquiátrico indicará e prescreverá medicamentos que ajudarão, e muito, a controlar a agressividade, impulsividade e desconfortos da abstinência.

Vale lembrar que o dependente de games, mesmo afastado dos jogos, sempre levará seu vício consigo. Afinal qualquer tipo de dependência, seja química ou comportamental, é crônica – logo nunca realmente se cura. A predisposição não se apaga, somente o comportamento.

O que é suficiente. Mesmo guardando a tendência do vício é perfeitamente possível nunca mais se render a ele. Geralmente o tratamento continuado desperta, ainda, o amor a uma vida totalmente funcional e plena.